REQUIEM OP. 48 DE GABRIEL FAURÉ: UM REQUIEM REDENTOR
26 de Outubro, 17h | Igreja do Colégio São João de Brito
“Existe apenas um Pie Jesu, e é o teu. Assim como só existe um Ave Verum, o de Mozart, o único Pie Jesu é o teu.” Era assim que o genial Camille Saint-Saens descrevia um dos números mais famosos do Requiem de Fauré ao próprio.
Sente-se ao longo de toda a obra uma serenidade redentora, inovadora neste tipo de composição. Seria o próprio compositor quem melhor esclareceria sobre esse facto, quando afirmou: “Tem-se dito que o meu Requiem não expressa o medo da morte, alguém o chamou de canção de embalar fúnebre. Mas é assim que eu vejo a morte: como uma libertação feliz, uma aspiração à felicidade eterna, não como uma experiência dolorosa.”
Deixemo-nos envolver pela magia deste Requiem.
GABRIEL FAURÉ REQUIEM op. 48
Introït et Kyrie
(CORO)
Requiem aeternam dona eis,
Domine, et lux perpetua luceat eis.
Te decet hymnus, Deus, in Sion,
et tibi reddetur votum in Jerusalem.
Exaudi orationem meam;
ad te omnis caro veniet.
Kyrie eleison.
Christe eleison.
Offertoire
(CORO)
O Domine Jesu Christe, Rex gloriae, libera animas defunctorum
de poenis inferni
et de profundo lacu.
O Domine Jesu Christe, Rex gloriae, libera me animas defunctorum
de ore leonis;
Ne absorbeat Tartarus.
Ne cadant in obscurum.
Hostias et preces tibi, Domine,
laudis offerimus:
tu suscipe pro animabus illis
quarum hodie memoriam facimus;
Fac eas, Domine, de morte transire
ad vitam, quam olim Abrahae promisisti et semini eius.
O Domine Jesu Christe, Rex gloriae, libera anima defunctorum
de poenis inferni
et de profundo lacu.
Ne cadant in obscurum. Amen.
Sanctus
(CORO)
Sanctus, sanctus, sanctus, Dominus, Deus Sabaoth.
Pleni sunt coeli et terra gloria tua. Hosanna in excelsis.
Pie Jesu
(SOPRANO SOLO)
Pie Jesu, Domine, dona eis requiem, dona eis sempiternam requiem.
Agnus Dei
(SOLISTAS E CORO)
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona eis requiem sempiternam.
Lux aeterna luceat eis, Domine. Cum sanctis tuis aeternum,
quia pius es.
Requiem aeternam dona eis, Domine, et lux perpetua luceat eis.
Libera me
(BARÍTONO E CORO)
Libera me, Domine, de morte aeterna in die illa tremenda:
Quando caeli movendi sunt et terra, dum veneris iudicare
saeculum per ignem.
Tremens factus sum ego
et timeo dum discussio venerit
atque ventura illia.
Dies illa, dies irae,
calamitatis et miseriae;
Dies illa, dies magna,
et amara valde.
Requiem aeternam dona eis, Domine, Et lux perpetua luceat eis.
Libera me, Domine...
In Paradisum
(SOLISTAS E CORO)
In Paradisum deducant angeli;
in tuo adventu suscipiant te martyres, et perducant te in civitatem sanctam, Jerusalem.
Chorus angelorum te suscipiat,
et cum Lazaro quondam paupere
Patrycja Gabrel soprano
André Baleiro barítono
Coro Ricercare (direção Pedro Teixeira)
Orquestra Melleo Harmonia
Joaquim Ribeiro direção musical
Patrycja Gabrel é licenciada em canto e piano. Estudou no Conservatório Fryderyk Chopin, em Varsóvia, e na Escuela Superior Reina Sofía, em Madrid, com Tom Krause. Participou em master-classes de Riri Griest, Charles Kellis, Anita Garanca e Helmut Deutsch. Prossegue o seu aperfeiçoamento vocal com Joana Siqueira. Recebeu o Prémio Alfredo Kraus para “Melhor Jovem Músico em Madrid” e o prémio do concurso Arte da Canção Polaca (rádio Classica).
Foi bolseira da Fundação Gulbenkian, no âmbito da rede enoa, e membro do Coro Gulbenkian. Patrycja Gabrel participou no Festival d’Aix-en-Provence, no Flagey Brahms Festival, em Bruxelas, e no Festival de Órgão da Madeira, entre outros.
Integra regularmente prestigiados agrupamentos nacionais, como a Capella Patriarchal e o Ludovice Ensemble. Cantou com a Orquestra do Norte (Il Mondo della Luna, de P. A. Avondano), a Orquestra Metropolitana de Lisboa (4.ª Sinfonia e Rückert-Lieder de Mahler), a Orquestra de Câmara Portuguesa (Missa em Dó maior, op. 86, de Beethoven), a Filarmónica de Varsóvia, a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Melleo Harmonia. O seu diversificado repertório incluiu ainda Dixit Dominus de Händel, Pulcinella de Stravinsky, Peer Gynt de Grieg, ou Momente de Stockhausen. Em 2015 gravou o papel de Mãe para a estreia da ópera L’Autre Hiver de Dominique Pauwels. O seu repertório operático inclui Tatiana (Evgeny Onegin), Violetta (La traviata), Rainha da Noite (A flauta mágica) e Condessa Almaviva (As bodas de Figaro), entre outros papéis.
O Coro Ricercare, dirigido pelo reconhecido maestro Pedro Teixeira, é constituído por cerca de 30 elementos. Conta com uma larga experiência, quer em formação a capella, quer coral orquestral, tendo-se apresentado nas principais casas de espectáculo nacionais, interpretando um leque alargado de repertório, de onde se destacam obras de Palestrina, D. Lobo, Francisco António de Almeida, João Rodrigues Esteves, Mozart, Schubert, Brahms, Bruckner, e de compositores contemporâneos portugueses e estrangeiros, como Joly Braga Santos, Fernando Lopes-Graça, Eurico Carrapatoso, Vasco Azevedo, Carlos Caires, Sérgio Azevedo, João Madureira, Nuno Côrte-Real, Carlos Marecos e Christopher Bochmann.
A sua aposta em promover a música portuguesa conduziu à gravação de diversos CD, quer de música nova, quer de harmonizações e arranjos de música tradicional.
Joaquim Ribeiro foi, em 1988, o 1º Prémio Jovens Músicos na categoria de clarinete da história do certame. Do seu currículo consta o 1º Prémio do Concurso Nacional da Juventude Musical Portuguesa, o 2º Prémio do Concurso de Clarinete de Setúbal, assim como o 1º Prémio Jovens Músicos na categoria Música de Câmara, com o Quarteto de Clarinetes de Lisboa, grupo com o qual obteve ainda o Prémio Cultura e Desenvolvimento e o Prémio Artes e Ideias.
Licenciou-se em Clarinete na Escola Superior de Música de Lisboa com as mais altas classificações.
Do seu percurso resulta a apresentação regular nos principais festivais de música nacionais e internacionais, bem como a gravação de diversos CD, sendo solista Vandoren e Selmer Artist.
A sua fama como músico valeu-lhe a dedicatória de várias obras escritas por diferentes compositores, a realização de concertos com diversas formações nos principais festivais de música, quer nacionais, quer internacionais.
Ao longo da sua carreira, teve oportunidade de trabalhar com maestros como Carlo Maria Giulini, Mstislav Rostropovitch, Lukas Foss, George Hurst, Michel Tabachnik, Alain Lonbard, Arturo Tamayo, Michael Zilm, Wolfgang Rennert, Michel Plasson, entre muitos outros.
É mestre em Direção de Orquestra pelo Instituto Piaget, tendo igualmente obtido a graduação como maestro em Dijon, no Conservatório de Música J. Ph. Rameau, com o reconhecido maestro Jean-Sébastien Béreau, período em que o seu empenho lhe valeu a classificação de Très Bien e a Médaille de L’argent. Trabalhou posteriormente com Felix Hauswirth e Michael Fennell.
Tem dirigido obras de compositores tão variados como Marcos Portugal, L. v. Beethoven, Charles Gounod, Antonín Dvořák, Johannes Brahms, Igor Stravinsky, Arnold Schoenberg, Luís de Freitas Branco, Richard Wagner e Gustav Mahler, entre outros, quer em formações de câmara, quer sinfónicas. Em 2017, no âmbito dos seus estudos musicológicos, publicou, com o apoio da Fundação Jorge Antunes, o primeiro estudo preliminar sobre a vida e obra do compositor vizelense Joaquim da Costa Chicória.
Atualmente, Joaquim Ribeiro é clarinete solista da Orquestra Sinfónica Portuguesa e o diretor musical da orquestra Melleo Harmonia.
(CORO)
Dá-lhes Senhor o eterno repouso,
e que para eles resplandeça a luz perpétua.
A Ti são dirigidos hinos em Sião,
a Ti são oferecidos votos em Jerusalém.
Ouve a minha oração, perante Ti comparecem todas as criaturas.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
(CORO)
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória, liberta as almas dos mortos das penas do inferno e do lago profundo.
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória, liberta as almas dos mortos da boca do leão;
Que não sejam perdidas em Tártaro.
Que não caiam na escuridão.
Oferecemos-te um sacrifício, Senhor, e preces de louvor: recebe-os em nome das almas daqueles que hoje recordamos;
Faz com que eles, Senhor, passem da morte à vida, como certa vez prometeste a Abraão e aos seus descendentes.
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória, Liberta as almas dos mortos das penas do inferno e do lago profundo.
Que não caiam na escuridão. Amen.
(CORO)
Santo, santo, santo, Senhor, Deus dos exércitos.
Os céus e a terra estão cheios da Tua glória. Hosana nas alturas.
(SOPRANO SOLO)
Misericordioso Jesus, Senhor, dá-lhes descanso, dá-lhes o eterno descanso.
(SOLISTAS E CORO)
Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo, dá-lhes o eterno descanso. A luz eterna brilhe sobre eles, Senhor, com os teus santos eternamente, porque Tu és misericordioso.
Dá-lhes Senhor o eterno repouso, e que para eles resplandeça a luz perpétua.
(BARÍTONO E CORO)
Liberta-me, Senhor, da morte eterna naquele dia terrível:
Quando os céus e a terra forem movidos, quando vieres julgar o mundo pelo fogo.
Tremo e tenho medo, por causa do dia do julgamento e da ira que com ele virá. Aquele dia, um dia de ira e calamidade e tristeza;
Aquele dia, um grande dia e verdadeiramente amargo.
Dá-lhes Senhor o eterno repouso, e que para eles resplandeça a luz perpétua.
Liberta-me, Senhor...
(SOLISTAS E CORO)
Que os anjos te recebam no Paraíso;
e que os mártires te esperem
e te levem até à cidade Santa, Jerusalém.
Que o coro dos anjos te receba
e com Lázaro, que foi pobre,
tenhas repouso eterno.
André Baleiro iniciou a sua formação musical e vocal aos dez anos de idade no Instituto Gregoriano de Lisboa. Após frequentar o Curso de Direção Coral e Formação Musical na Escola Superior de Música de Lisboa, deslocou-se para Berlim para estudar Canto na Universidade das Artes, com Siegfried Lorenz, Axel Bauni e Eric Schneider. Em 2016 ganhou o Concurso Internacional Robert Schumann, em Zwickau, na Alemanha – um dos mais prestigiados concursos na área do Lied –, bem como o Concurso de Canto Lírico da Fundação Rotária Portuguesa, em Lisboa.
André Baleiro colabora regularmente com a Ópera de Câmara de Munique, onde se estreou em 2016 no papel de Figaro (O barbeiro de Sevilha) e em 2014 se apresentou no papel principal da nova produção Kaspar Hauser (música de F. Schubert e libreto de D. Wilgenbus). Outros papéis de destaque incluem: Don Parmenione (L’occasione fa il ladro de Rossini) no Teatro Pérez Galdós, em Las Palmas; Conte Belfiore (Fra due litigante de G. Sarti) e Capitaine (Les trois Souhaits de B. Martinu) no Uni.T (UdK Berlin); o papel principal em Ainda não vi-te as mãos (2011) de Ayres d’Abreu, no Teatro Municipal de Santarém; Caporale (Il cappello di paglia di Firenze de Nino Rota) e Pantalone (Turandot de Busoni) no Teatro Nacional de São Carlos.Da sua atividade de concerto destacam-se a Paixão segundo São Mateus, de J. S. Bach, na Fundação Gulbenkian, a cantata Dona nobis pacem, de Vaughan Williams, no Teatro Nacional de São Carlos, Um Requiem Alemão, de Brahms, na Salle Métropole de Lausanne, e o Requiem de Fauré, no festival La Folle Journée, em Nantes e em Tóquio.Apresenta-se regularmente em recital na Alemanha e em Portugal com diversos pianistas, de entre os quais se destacam João Paulo Santos e David Santos pela longa colaboração. Em 2015, no Piano Salon Christophori, em Berlim, interpretou o Italienisches Liederbuch de Hugo Wolf, acompanhado pelo pianista Eric Schneider.Foi bolseiro da Fundação Walter & Charlotte Hamel em Hannover e da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa.
Melleo Harmonia é a orquestra residente da Academia Portuguesa de Artes Musicais (APARM). Nasceu em 2014 com o propósito de dotar a APARM de uma estrutura artística permanente que concretizasse os elevados padrões performativos da instituição.
Tem como principais objetivos promover a excelência dos solistas portugueses ou residentes em Portugal, assim como contribuir para a entrada no mercado dos jovens talentos.
Por essa razão, assume diferentes geometrias, realçando-se o especial enfoque nas formações camerísticas, montra por excelência da elevada qualidade dos seus solistas. A orquestra Melleo Harmonia tem-se apresentado nas mais emblemáticas salas do nosso país, operando sob a direção artística de Joaquim Ribeiro.