Cortes de Júpiter
Gil Vicente (1465-1536)
A ópera constitui, por ventura, o mais completo género teatral.
Muito embora a fórmula que hoje identificamos como ópera tenha nascido em Itália, outras tradições existiam um pouco por toda a Europa, nomeadamente em Portugal.
Efetivamente, quando a ópera ao estilo italiano é introduzida entre nós, durante a 1ª metade do séc. XVIII, a tradição assentava nos denominados dramas em música, nos quais, ao invés de todo o texto ser cantado, existia uma alternância entre momentos declamados, ou recitados, e momentos cantados. Consistia, assim, numa forma de teatro musicado.
A grande particularidade dos dramas em música consistia no facto de serem representados em castelhano, ao contrário da ópera, que decorria em italiano.
A popularidade daqueles manteve-se, percorrendo todo o séc. XIX, durante o qual a opereta, género híbrido, tinha um público fiel, constituído essencialmente por uma crescente elite burguesa que acorria a teatros como o antigo Teatro Condes, ou o Trindade, para usufruir de momentos descontraídos, representados em português.
Corria o ano de 1521 quando Gil Vicente apresentou na corte de D. Manuel I a tragicomédia CORTES DE JÚPITER.
Foi a última obra a que o “Venturoso” assistiu em vida. Faleceria a 13 de Dezembro desse mesmo ano.
CORTES DE JÚPITER celebra a partida da Infanta D. Beatriz rumo a Sabóia em virtude dos seus esponsais com o duque daquela cidade.
Conta-se a história dessa viagem, desde a saída da corte do Paço da Ribeira, passando pela casa da Rainha Mãe, D. Leonor de Portugal, em direção ao Tejo, onde se encontravam as embarcações que acompanhariam o séquito da Infanta até Cascais, ponto a partir do qual seguiriam apenas as naus que tinham por destino Sabóia.
Para que a empreitada tivesse sucesso, foram chamados deuses, ventos e até uma moura encantada.
A sátira vicentina atinge o seu clímax com a transformação de diferentes personalidades da corte em peixes, com o humor e picardia a que o dramaturgo nos habituou.
500 anos depois, nasce uma nova forma de posicionar Gil Vicente.
Um Gil Vicente onde os momentos musicais por ele indicados no texto original são apresentados com uma roupagem historicamente informada, mas plena de harmonias e apontamentos atuais, perfazendo um conjunto coerente e inovador.
Cumprimos, desta forma, com um posicionamento que defendemos do ponto de vista musicológico, de que a obra vicentina, em cujo conjunto encontramos sempre referências muito específicas a momentos cantados, nos quais se lança, ora o incipit, ora a globalidade da letra da canção, encerra em si mesma o princípio da tradição ibérica do teatro musicado.
Encenação e adaptação dramatúrgica - RICARDO NEVES-NEVES
Composição de música nova - FILIPE RAPOSO
Direção musical - ANTÓNIO CARRILHO
Solistas ALMA ENSEMBLE:
ISABEL FERNANDES ⎮ LILIANA SEBASTIÃO sopranos
RITA FILIPE ⎮TERESA PROJECTO meio sopranos
FREDERICO PROJECTO ⎮ JOÃO BARROS tenores
TIAGO AMADO GOMES ⎮ TIAGO MOTA baixos
Direção musical - FILIPA PALHARES
Ensemble LA NAVE VA
CATARINA BASTOS violino ⎮ GABRIELA BARROS viola ⎮ JOANA TAVARES viola ⎮CÉSAR GONÇALVES violoncelo ⎮ DUNCAN FOX contrabaixo ⎮ GONÇALO FREIRE frutas de bisel ⎮ DÉBORA BESSA flautas de bisel ⎮ STEPHAN MASON trompete ⎮ NUNO CUNHA trompa ⎮ HÉLDER GONÇALVES trombone RICHARD BUCKLEY percussão⎮ HELENA RAPOSO alaúde, vihuela, teorba ⎮ JENNY SILVESTRE cravo
NUNO RAIMUNDO coordenação da recuperação histórica musical
JENNY SILVESTRE correpetição
JOSÉ MANUEL CASTANHEIRA cenografia
ANTÓNIO MURALHA assistente de cenografia
RAFAELA MAPRIL figurinos
PATRÍCIA MARGARIDA SILVA assistente de figurinos
LÍGIA GARRIDO ⎮HELENA JARDIM confecção
CIDÁLIA ESPADINHA caracterização e cabelos
MARCO SANTOS ⎮CATARINA FÉLIX ⎮ EMMA LOUISE assistentes de caracterização
ALEXANDRE COELHO desenho de luz
RUTE SOARES vídeo
SÉRGIO DELGADO sonoplastia
MAFALDA SIMÕES comunicação e assessoria de imprensa
ANDRÉ MAGALHÃES ⎮ANTÓNIO IGNÊS ⎮ JULIANA CAMPOS ⎮ RITA CAROLINA SILVA assistentes de encenação e apoio à cena
ANDREIA ALEXANDRE produção TdE
ADRIANA GONÇALVES produção executiva TdE
ELIANA LIMA assistente estagiária de produção
NUNO PRATAS produção Culturproject
JOSÉ LEITE difusão
Co-produção APARM-ACADEMIA PORTUGUESA DE ARTES MUSICAIS ⎮ CENTRO CULTURAL DE BELÉM TEATRO DO ELÉCTRICO ⎮ CULTURPROJECT
TRANSVERSALIDADES
Desde a sua fundação, em 2011, a ACADEMIA PORTUGUESA DE ARTES MUSICAIS pauta o seu trabalho por um profundo sentido de serviço público.
Oferecemos experiências assentes na nossa herança histórica comum, e fazemo-lo com consistência e rigor.
Essa é a razão da existência de uma parceria permanente com o CESEM - CENTRO DE ESTUDOS DE SOCIOLOGIA ESTÉTICA MUSICAL, da Faculdade de Letras da Universidade NOVA de Lisboa.
Tendo nascido o LABORATÓRIO DE ÓPERA PORTUGUESA da necessidade sentida de aproximar o grande público de uma parte importante da sua herança histórica comum, considerou-se essencial a criação simultânea de um fórum de apresentação e discussão de novos estudos relacionados e complementares a cada título trabalhado.
COLÓQUIO GIL VICENTE: 500 ANOS
4 de Fevereiro 2022, Sala Lopes-Graça, CCB
DIREÇÃO CIENTÍFICA LUÍSA CYMBRON (CESEM/FCSH) ⎮ MANUEL PEDRO FERREIRA (CESEM/FCSH)
ORADORES LUÍSA CYMBRON (CESEM/FCSH) ⎮ MARICARMEN GOMEZ (Universidade Autónoma de Barcelona) ⎮ JOSÉ CAMÕES (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) ⎮ ESPERANÇA CARDEIRA (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) ⎮ NUNO RAIMUNDO (CESEM/FCSH) ⎮ EDWARD ABREU CESEM/FCSH) ⎮ LUÍSA GOMEZ (CESEM/FCSH) ⎮ MANUEL MORAIS (ESCOLA DE MÚSICA NO CONSERVATÓRIO NACIONAL / UNIVERSIDADE DE ÉVORA) ⎮ JENNY SILVESTRE (APARM-ACADEMIA PORTUGUESA DE ARTES MUSICAIS)
© Artwork Rute Soares